CAPITÃO JOÃO FERNANDES DE ALMEIDA, conhecido popularmente por Joça do Pará, natural do Estado do Pará, nascido em 6 de janeiro de 1870. O saudoso e conhecidíssimo Capitão Joça do Pará. Capitão do Batalhão de Segurança, notabilizou-se no comando do Esquadrão de Cavalaria e como hábil delegado de polícia por vários anos em Natal.
Como comandante do Esquadrão de Cavalaria começou no dia 1º
de março de 1914, que durou por mais de 20 anos. Como delegado de polícia, a
escolha se verificou quando o Governador Alberto Frederico de Albuquerque
Maranhão (25/8/1908 – 01/01/1914) precisou nomear um delegado para as Rocas,
bairro onde proliferavam boêmios e valdevinos (cavaleiros dos antigos romances
de cavalaria).
Em junho de 1913, na pacata cidade de Natal, que não possuía
mais de 30 mil habitantes, houve um furto sensacional. Na manhã do dia 18 de
junho de 1913, o caixa da firma Julius Von Sohsten, uma das importantes da
praça. Ao abrir o cofre o proprietário encontrou-o vazio. Ladrões audaciosos e
astutos, que, à primeira vista, teriam usado chaves falsas, haviam levado o
dinheiro, ou seja, mais de cem contos de réis.
Oliviar e Toseli, caixa e gerente, respectivamente, não
sabiam explicar o ocorrido. E começaram, como era natural, a surgir suspeita
sobre os dois cidadãos, apesar de toda a cidade saber tratar-se de homens
honestos a toda prova.
A Polícia, tomando conhecimento do fato, pôr-se em campo para
elucidar o crime. O tenente Joça do Pará, que pagava para encarregar-se dos
casos intricados, apresentou-se espontaneamente ao chefe de polícia, e iniciou
o seu trabalho de investigação, silencioso e inteligente. E como em Natal
qualquer forasteiro era logo notado, ele começou a desconfiar de dois
estrangeiros que estavam hospedados no Hotel Internacional, ali à avenida Tavares
de Lira, perto do cais do mesmo nome. esses estrangeiros, que chamavam Emill
Zetina e Henrique Brunatti, foram presos e submetidos a rigoroso
interrogatório. Porém, permaneciam impenetráveis e trancados em copas.
Os expedientes comuns, que a Polícia usava para arrancar confissões, não
produziam efeitos.
O Tenente Joça do Pará, então esgotados os meios suasórios,
resolveu levar os acusados para os arredores da cidade, que eram, nesse tempo,
para lá do Hospital Justino Barreto, depois Hospital das Clínicas,
posteriormente Hospital Universitário Onofre Lopes (o primeiro do Estado do Rio
Grande do Norte, inaugurado em 12 de setembro de 1909). Lá fora, colocou-os em
pontos separados, de modo a que um não avistasse o outro. E disse-lhes:
Já que não querem descobrir o crime, vou mandar fuzila-los.
E recomendou aos soldados, que haviam saído com Zetina, que
fossem, sem perda de tempo, executar a sua ordem. Quando os tiros ecoaram, ele
falou para Brunati:
- Como está vendo, o seu amigo não quis contar o roubo, por
isso foi morto pelos soldados, de acordo com as minhas ordens. Agora chegou a
sua vez.
E, fazendo uma pausa, concluiu:
Mas, nestes últimos minutos, você ainda pode salvar a sua
vida. É só confessar tudo...
Nisso, Brunati, acovardado, e ajoelhando-se de mãos postas,
implorou:
- Seu Tenente, não me mate, que eu conto tudo.
E sem perda de tempo, arrematou:
- O dinheiro está enterrado ali na mata.
Joca do Pará, então, soltando um longo suspiro de desaforo e
de vitória, disse para os soldados, ante a surpresa e a decepção de Brunati.
- Vão buscar o outro, para ajudar a desenterrar o dinheiro..
E, na mesma noite, encontraram a rica botija. Estava à flor
da terra e somava a respeitável quantia (para à época) de cem conto e
seiscentos e trinta mil réis. O que faltava (dois ou três contos apenas), eles
haviam retirado para as despesas gerais...
A notícia correu célebre pela cidade inteira. O caixa e o
gerente da firma Von Sohnten respiraram aliviados e nessa noite dormiram o sono
tranqüilo dos inocentes, depois que passava a borrasca das suspeitas e dois
juízos temerários.
A República, o sisudo jornal de Pedro Velho, noticiando o
êxito das diligências, chamou o Tenente Joça do Pará de “Sherlock Holmes
norte-rio-grandense”.
Era mais uma honra para o Batalhão de Segurança, a cujo corpo
de oficiais pertencia João Fernandes de Almeida, o popularíssimo Joça do Pará,
que ainda estava no posto de tenente.
Joca do Pará faleceu em Natal no dia 18 de maio de 1930, aos
60 anos de idade.
FONTE - INTENET
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